Parece que foi ontem. As tardes que eu passava mesmo do outro lado da
estrada, na Nogueira, como lhe chamavam os meus avós...
Já não parece a mesma. Na altura em que eu ainda ficava por conta das
minhas avós e me encontrava ali, na Nogueira, com os meus amigos, aquele largo
enchia-se de vida… as horas passavam a correr.
Naquela altura, não eram precisos telemóveis, relógios, computadores,
internet ou televisão. Depois do almoço era a nossa hora de encontro de todos
os dias. Eu, o meu irmão e a minha prima éramos os primeiros a marcar presença.
Sem darmos conta já estávamos a brincar às escondidas ou à lata com quem simplesmente
aparecesse. E era mesmo aqui, atrás da casa da minha tia Bela, o meu lugar
preferido para me esconder.
Neste sítio, existem dois tubos por onde escoa a água do pátio da casa e
que dá visão direta para a Nogueira onde ficava o pobre escolhido para contar e
a ter, depois, de nos encontrar.
Da última vez que me lembro, não precisava de me baixar muito para perceber
se tinha o caminho livre.
Agora estou aqui, os tubos já me chegam pela cintura e a imagem da Nogueira
já não é a mesma. Já não há bicicletas por ali, nem crianças a correr de um
lado para o outro. Aquele largo é apenas habitado pelos mais idosos que
permanecem naquela rua e que marcam ali o seu ponto de encontro para irem
juntos beber a bica.
Ao olhar para a Nogueira resta nostalgia e uma enorme vontade de regressar
àquelas tardes onde almoçava à pressa, não para ir estudar, mas para ir brincar
e onde a hora do lanche era marcada pelo grito da minha avó e não por uma
campainha.
Melissa Vieira
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