terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Na Nogueira...


Parece que foi ontem. As tardes que eu passava mesmo do outro lado da estrada, na Nogueira, como lhe chamavam os meus avós...
Já não parece a mesma. Na altura em que eu ainda ficava por conta das minhas avós e me encontrava ali, na Nogueira, com os meus amigos, aquele largo enchia-se de vida… as horas passavam a correr.
Naquela altura, não eram precisos telemóveis, relógios, computadores, internet ou televisão. Depois do almoço era a nossa hora de encontro de todos os dias. Eu, o meu irmão e a minha prima éramos os primeiros a marcar presença. Sem darmos conta já estávamos a brincar às escondidas ou à lata com quem simplesmente aparecesse. E era mesmo aqui, atrás da casa da minha tia Bela, o meu lugar preferido para me esconder.
Neste sítio, existem dois tubos por onde escoa a água do pátio da casa e que dá visão direta para a Nogueira onde ficava o pobre escolhido para contar e a ter, depois, de nos encontrar.
Da última vez que me lembro, não precisava de me baixar muito para perceber se tinha o caminho livre.
Agora estou aqui, os tubos já me chegam pela cintura e a imagem da Nogueira já não é a mesma. Já não há bicicletas por ali, nem crianças a correr de um lado para o outro. Aquele largo é apenas habitado pelos mais idosos que permanecem naquela rua e que marcam ali o seu ponto de encontro para irem juntos beber a bica.
Ao olhar para a Nogueira resta nostalgia e uma enorme vontade de regressar àquelas tardes onde almoçava à pressa, não para ir estudar, mas para ir brincar e onde a hora do lanche era marcada pelo grito da minha avó e não por uma campainha.


Melissa Vieira

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