sábado, 3 de janeiro de 2015

      Preto. Tudo era preto. Nem um pouco de claridade da lua conseguia entrar pela janela completamente fechada do meu quarto. E caso entrasse, nada mudaria – o mundo continuaria preto para mim. Eu sabia que este momento iria chegar. E sabia que, algum dia, o amor nos iria destruir. O amor, aquela emoção linda, mas que ninguém consegue descrever, acaba sempre por magoar tudo e todos. Alguns porque não o têm, outros – como é o meu caso – têm-no em demasia. E é bem sabido que, quem ama em demasia, sai sempre magoado. E aqui estou eu, no escuro do meu quarto, a tentar perceber o que fiz de errado. A tentar, no meio de tantas lágrimas, saber o que eu tenho que faz com que as pessoas sempre se afastem. Ouvi então, uma vez, alguém a desejar-me boa noite. Absorvida na minha dor, nem me lembrei que ao meu lado estava a minha irmã. Ela é talvez a pessoa mais importante da minha vida. Amo-a com um amor tão puro e sincero que nunca se iria destruir. Nada poderia acabar com ele. Então, o amor nem sempre acaba. Aquilo que há bocado me tinha destruído talvez fosse apenas um amor passageiro, daqueles não tão verdadeiros. E foi este amor que me voltou a construir. Foi aquele “Boa noite” que me fez acordar, no dia seguinte, rumo ao arco-íris, que há pouco me parecia tão impossível.

Rafaela Oliveira

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