Preto. Tudo era preto. Nem um pouco de claridade da lua
conseguia entrar pela janela completamente fechada do meu quarto. E caso
entrasse, nada mudaria – o mundo continuaria preto para mim. Eu sabia que este
momento iria chegar. E sabia que, algum dia, o amor nos iria destruir. O amor,
aquela emoção linda, mas que ninguém consegue descrever, acaba sempre por
magoar tudo e todos. Alguns porque não o têm, outros – como é o meu caso –
têm-no em demasia. E é bem sabido que, quem ama em demasia, sai sempre magoado.
E aqui estou eu, no escuro do meu quarto, a tentar perceber o que fiz de
errado. A tentar, no meio de tantas lágrimas, saber o que eu tenho que faz com
que as pessoas sempre se afastem. Ouvi então, uma vez, alguém a desejar-me boa
noite. Absorvida na minha dor, nem me lembrei que ao meu lado estava a minha
irmã. Ela é talvez a pessoa mais importante da minha vida. Amo-a com um amor
tão puro e sincero que nunca se iria destruir. Nada poderia acabar com ele.
Então, o amor nem sempre acaba. Aquilo que há bocado me tinha destruído talvez
fosse apenas um amor passageiro, daqueles não tão verdadeiros. E foi este amor
que me voltou a construir. Foi aquele “Boa noite” que me fez acordar, no dia
seguinte, rumo ao arco-íris, que há pouco me parecia tão impossível.
Rafaela Oliveira
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