segunda-feira, 9 de março de 2015

O Padeiro Pianista

[Palavras: padeiro - piano - rapto - Egito]

Era uma vez, numa terra muito distante, um padeiro que ambicionava ser pianista. Nunca fora levado a sério quando dizia aquilo que na verdade queria fazer, acabando por nunca ir para além daquilo a que pensava que estava preso: à sua sala de estar.
Naquele dia, acordara tranquilamente esperando, pois claro, um dia vagamente interessante, na sua monótona vida de padeiro e pai.
Levantou-se da sua simples cama de linho e, vagarosamente, desceu as escadas, dando de caras com a mulher, Filomena.
- Joel, já acordaste a Larissa? - a mulher de olhos azulados perguntou, ao mesmo tempo dando um gole no seu café. Ele, nervosamente, retorquiu que não, correndo de seguida até ao quarto da pequena.
Quando lá chegou, Larissa já se encontrava pronta, com um sorriso largo no rosto.
Pegou na criança e levou-a até à cozinha, onde, na mesa já se encontrava um ótimo pão caseiro, com um pouco de manteiga.
- Desculpa Larissa, não tive dinheiro para te comprar um leite. - murmurou Filomena, olhando para a conta da luz espantada.
A família do padeiro era muito pobre, mas muito orgulhosa, por isso, nunca pediu ajuda a ninguém, encontrando-se muito endividada. Com apenas uma pessoa da família a trabalhar, eles viviam numa situação de bastante desespero, tendo dinheiro apenas para pão e leite.
Filomena já reclamara muitas vezes com Joel por ele nunca vender o piano que tinham na sala, mas o homem parecia que estava colado ao instrumento: recebera-o quando era jovem e foi com aquele piano que aprendeu o quão maravilhoso é fazer música… não se queria despedir dele.
- Joel, vais ter de te livrar do piano. – Disse-lhe a sua mulher, olhando para os papéis que continham as contas deles.
Joel acenou que não, com a cabeça, e a mulher mostrou-lhe os papéis:
- Vês? Nós nem conseguimos pagar metade do que nos pedem! E aquele piano era a única coisa que nos podia dar dinheiro suficiente para pagar as dívidas. Eu sei que gostas muito dele, mas pensa na Larissa, em mim... e em ti.
Joel olhou para baixo, e retorquiu que sim. Ele sabia que se negasse a venda, estaria a ser um egoísta e, por mais que amasse o piano e a música, amava mais Larissa e Filomena.
No dia seguinte, Joel acordou muito triste. Era o dia em que levavam o seu precioso piano. Ia ser vendido a um grande músico, que adorava pianos antigos; como se diz, vintage.
Acordou bem cedo para poder passar o máximo de tempo que conseguisse, antes de levarem o piano. Desceu as escadas e foi até à sala de estar. Lá estava ele. Sentou-se no banco e começou a tocar.
Que sensação maravilhosa que é tocar… é como se os dedos fossem aves voadoras, a planar no céu azul, e a melodia que faziam... maravilhosa! Como ter uma pequena história, e contá-la da forma mais artística que se consegue. A música pode ser triste, feliz, calma, lenta. A música tem sentimentos, como o ser humano, e com ela o Homem exprime tudo o que lhe vai na alma, como um diário.
- Toca muito bem, senhor. - Joel ouve uma voz atrás dele. Olhou para trás e viu o músico encostado à ombreira da porta.
-  Já alguma vez pensou em ser músico?
-  B, bem...n, não... - gaguejou ele, muito nervoso.
- Olhe, devia pensar. Tem muito talento! - O homem sorriu, e continuou:
- E digo-lhe mais: quer atuar comigo para a semana, num dueto?
Joel estava pasmado. Como passaria ele, o padeiro endividado “até aos cabelos”, a atuar com um dos pianistas mais idolatrados de todo o mundo. Certamente iria receber muito dinheiro, e não tinha de se livrar do piano. E talvez, talvez… deixasse aquela vida monótona de simples padeiro, para passar a pianista famoso, rico, e realizasse o seu sonho. Claro que ia dizer que ...
-Sim! - exclamou ele sorrindo e dando um aperto de mão ao senhor.
- Não se arrependerá, meu bom homem. Será bem pago, prometo-lhe.
- E vai ser onde?- interrogou Joel.
- No Egito, junto das pirâmides!

Tinham passado três dias desde que falara com o músico; encontrava-se já no avião, pronto para descolar, com destino ao Egito. Sentado à sua beira, encontrava-se o pianista, a explicar-lhe como iria ser o concerto e o que eles iriam tocar.
- Conheço essa música - afirmou Joel, murmurando o ritmo.

Passados dois dias...

Estava dentro de uma sala escura, todo amarrado e com fita-cola na boca. Estava atordoado e não reconhecia nada o do que estava à sua volta. Com muito esforço, levantou-se e começou aos pulinhos, vagueando pela sinistra divisão, até ouvir uma voz familiar:
- Então, quando é que nos vamos livrar dele?- era a sua mulher que falava.
- Hoje à tarde, amor. Sabes que eu não gosto de apressar as coisas. Retorquiu o famoso músico.
Ouviu passos na sua direção. Depressa se escondeu por detrás de umas caixas (bem, pareciam caixas, mas ao escuro, nem dava para perceber) e esperou, agachado.

Passadas 2 horas...

Estava agora a fugir de dois homens armados. Os seus pés doíam-lhe e estava fraco e cansado. As pernas vacilavam, e os homens aproximavam-se cada vez mais. Achou que era a sua hora.
A mulher traíra-o, o músico não gostava do seu tocar de piano, … viver mais, para quê? Fazer pão? Passar necessidades?

Passadas duas semanas...

No jornal

Um homem foi assassinado no Egito, pelo famoso músico Charlie Kosgrovina, que se encontra agora preso, juntamente com a esposa da vítima, pois foi cúmplice do assassinato.

Jasmin, 7º ano
[Palavras: porco - lua - faca - naufrágio]

- Um porco?! Uma lua?! Uma faca?! E um naufrágio?!
Tenho de ter ideias, ideais…- dizia eu enquanto batia levemente na minha cabeça.
Pensei, pensei, voltei a pensar e dei mais uma grande volta na minha cabeça até que tive uma ideia…
O mar estava revoltado e as ondas eram enormes e batiam contra o barco, que no meio daquele oceano, parecia uma formiga. Os tripulantes andavam de um lado para o outro, mudavam as velas e estavam totalmente descontrolados. Foi então que veio uma vaga que varreu o convés de uma ponta a outra. Os currais abriram-se e os animais, agitados, corriam de um lado para outro. Apenas um porco parecia tranquilo e não saiu do curral, ao contrário de todos os outros animais. De repente um trovão rasgou o ar e o barco afundou-se. Era um naufrágio.
O único sobrevivente desse naufrágio foi o porco. Quando os moradores da ilha, onde o porco fora parar, o viram, repararam que ele apertava na boca uma faca muito bela e quando a tentaram tirar, ele fugiu para o meio do mato. 
Contudo, esse porco era especial. Sonhava ser astronauta e queria mesmo ir à lua. Foi então que viu ao longe o símbolo de que mais gostava: NASA! Correu ao encontro daquele local e viu que estava uma nave para descolar. Entrou para a nave, escondeu-se e ouviu a contagem decrescente. 

Ângela

terça-feira, 3 de março de 2015

[Palavras: criança - cidade - chave - espetáculo]

Tudo o que vi na minha vida foi este teatro. Ainda bem que a minha vida ainda é pequena… tenho, apenas, 5 anos. Espera, estou a mentir. Uma vez, deixei-me ficar à espreita no final do espetáculo e por milagre, um alguém abriu a porta grande e por uns meros, mas espantosos milésimos de segundo, tive um vislumbre de como é a vida fora deste lugar, a vida da cidade.
Até que ela me viu. Tentei esconder-me, mas já era tarde de mais. E ao ouvir os passos a aproximarem-se, sentia o meu coração a bater mais depressa e tentava pensar o que é que lhe ia dizer. Até que os passos pararam e ela estava mesmo à minha frente. O que me saiu no momento foi:
- Mãe, desculpa!
Foi a primeira vez que lhe chamei aquilo. Ao contrário de todos os outros meninos que já estavam habituados, eu não conseguia. Para que é que lhe ia chamar mãe, se eu nunca tive uma mãe para saber como é?... Ao ouvir as minhas palavras, simplesmente respondeu:
- Está bem, vai lá! Só não o voltes a fazer.
Baixei a cabeça e saí, mas não consegui evitar ouvi-la a chorar. Esse momento vai ficar para sempre na minha memória.
Mas eu gostava muito de ver o que há mais no mundo. Havia uma televisão que eles nos deixavam ver uma hora por semana. Às vezes apareciam coisas más, mas as coisas boas também eram tantas! Animais tão lindos, lugares que eu adoraria visitar. Já desde há dois anos que faço o meu espetáculo e ver as pessoas encantadas com a minha voz é muito bom. Mas eu queria mais, eu quero mais. Por isso, o espetáculo de hoje vai ser o último. No meio de tantas portas que há no teatro, consegui encontrar uma que não fecha muito bem e se me esforçar um pouco conseguirei abri-la…
Mais tarde, quando ouvi a som dos aplausos tive uma sensação de alívio e de felicidade. Estava ansioso para ver o mundo lá fora.
Já era tarde… já depois dela vir desejar uma boa noite a mim e aos outros, ouvi a última luz do teatro a apagar-se e soube que era o momento. Agarrei a oportunidade e quando cheguei ao pé da porta, ganhei coragem e abri-a.
Para mim, tudo era novo: o movimento, a multidão das pessoas, a quantidade de carros, os prédios que pareciam chegar ao céu… Um sentimento de curiosidade percorreu o meu corpo tão depressa e tão fortemente como o sangue e comecei a explorar. Tudo era lindo e só desejava ter saído daquele teatro há mais tempo!
Até que umas ruas mais abaixo, vi um poster. Mas não era um poster qualquer. Olhava para ele e para o vidro de uma loja que servia de espelho e percebi que era igual... Estava lá um menino igual a mim. Mas o que mais me marcou foi o que estava lá escrito: «A voz deste menino é a chave do espetáculo, que vai abrir o seu coração.»
Hesito, mas tenho muito mais para descobrir… e não posso voltar atrás.

Rita Gonçalves

domingo, 1 de março de 2015

Amigos para Sempre

 [Tempo: No tempo em que os caracóis não levavam a casa às costas; Espaço: ao pé de um rio e num balão de ar quente; Astronauta (personagem principal); Dragão e polícia (personagens secundárias).]

No tempo em que os caracóis não levavam a casa às costas, o astronauta José Cabeça na Lua fez um piquenique ao pé de um rio para estar em contato com a natureza, pois no dia seguinte ia para a lua.
Enquanto saboreava o seu bolo de chocolate, ouviu um barulho estridente que o assustou. Apesar do medo, atravessou o rio para verificar o que era e, ao passar pelos arbustos, viu um polícia com uma pistola na mão e um dragão muito grande ferido numa pata. O José Cabeça na Lua, indignado, interveio de imediato:
- O que está a fazer, senhor polícia?
- Este dragão malvado comeu o arbusto com bagas vermelhas. – respondeu-lhe o polícia muito chateado com o dragão.
- Não consegui resistir, eram tão deliciosas! – exclamou o dragão de barriga cheia.- Agora já estou mais quentinho…
- Cala-te, Hálitoquente! – interrompeu o polícia.
- Senhor Fernando Balanatola, não sabe que eu tenho de estar sempre quentinho?
- Afinal conhecem-se! – comentou o astronauta José Cabeça na Lua.
Quando a discussão acalmou, o astronauta José Cabeça na Lua convidou-os para irem à lua no seu balão de ar quente. Foi uma aventura tão divertida que agora vão à lua todos os anos, mas antes da viagem comem sempre um bolo de chocolate ao pé do rio e dos arbustos.
Perlimpimpim esta história chegou ao fim.

Marco Reis, 6º D