quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

[Palavras: palhaço – bosque – livro – rapto]

Nunca compreendera, porque é que aquele monte de folhas teria alguma importância na vida de alguém… uma coisa tão simples e banal, por quem todos lutam.
Já aquele sítio, ninguém o procurava, e eram tão parecidos numa coisa, em ambos começa o início, exatamente da mesma forma.
Talvez aquele local apenas precisasse de um palhaço, para que todos pudessem sentir-se confortáveis no seu natural mundo, que para mim era um aglomerado de bonecos disfarçados de gente grande e moralmente correta.
Possivelmente, seria esta a razão por que não se sentiam bem no bosque, pois apesar de ser escuro como as suas roupas, não combinava com as suas personalidades.
Contudo, essa razão tão plausível, viria a ser complementada com uma outra, o maldito livro de páginas vazias. Aquele livro de páginas brancas e vazias, representava o começo de tudo, o que alguém pretende para poder preencher com a sua história.
Também o bosque para mim significava o começo de tudo… escuro onde nenhum erro se vê. Ainda assim, ninguém lá queria iniciar a sua história, agora compreendo porquê, nenhum palhaço precisa de um passado negro, mas sim de um claro começo.
Mas era lá que eu me sentia bem, e não com um livro branco por escrever, onde poderia manchar uma página e no meu escuro não se veem as imperfeições.
Assim, fiz o rapto de mim próprio e transportei toda a minha mente e o meu espírito para um lugar onde não quero, nem me deixo sair de lá: o meu bosque.

Leandra Freitas

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